Segurança alimentar: projeto une instituições para pesquisa em área ribeirinha na Amazônia e favela no RJ

Segurança alimentar: projeto une instituições para pesquisa em área ribeirinha na Amazônia e favela no RJ

O projeto “Futuro das Populações Amazônicas: Segurança alimentar e saúde em um cenário de mudanças que impactam seus modos de vida e o ambiente em que vivem” deverá ser realizado em comunidade ribeirinha no Amazonas e em favela do Rio de Janeiro, ao longo dos próximos meses. A iniciativa visa prevenção de problemas que impactam diretamente a saúde destas populações.

Para sua realização, o projeto reúne pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, por meio do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, a Fundação Getúlio Vargas e a Queen Mary University, de Londres.

Levantamento inicial

Segundo a Fiocruz Amazônia, o objetivo inicial é reunir subsídios que permitam um levantamento acerca dos possíveis impactos sobre a segurança alimentar nos diferentes territórios. 

“A ideia é conseguir ouvir as pessoas para construir um projeto de pesquisa partindo do território para não ser uma iniciativa deslocada e diferente do que eles precisam”, explicou a pesquisadora da Fiocruz Amazônia, Amandia Braga Lima Sousa, do Laboratório Situações de Saúde e Gestão do Cuidado de Populações Indígenas e outros Grupos Vulnerávais (Sagespi), uma das proponentes do projeto. 

Visita de campo 

No fim de julho este ano, como parte das atividades do projeto, uma equipe de pesquisadores da Queen Mary University, Escola Politécnica Joaquim Venâncio e da Rede Maré esteve presente na Comunidade Santa Maria, localizada na área rural ribeirinha de Manaus. 

Fotos: Divulgação  / Fiocruz Amazônia

Com acesso somente pela via fluvial e situada a três horas e meia de barco, partindo da área urbana, Santa Maria faz parte das localidades que têm sido objeto de pesquisas pelo Sagespi. 

“Ao longo desse projeto foram feitas diversas parcerias de pesquisa, com representações de todas as instituições envolvidas e, tanto no Amazonas quanto no Rio de Janeiro, já conseguimos congregar mais pesquisadores de outras instituições  com a intenção de montar um grande projeto guarda-chuva que tenha as necessidades da população como foco e nos possibilite conseguir um financiamento robusto para a execução da proposta”, afirma a pesquisadora. 

Oficina na Amazônia

A visita de campo integrou um cronograma de atividades que incluiu a realização de uma oficina de fotografia para os comunitários. 

A oficina contou com um total de 15 participantes e resultou numa exposição cujo tema foram os alimentos que fazem parte do dia a dia da comunidade. 

“O objetivo da iniciativa foi reconhecer as percepções de moradores de áreas rurais ribeirinhas de Manaus sobre o acesso ao alimento e as ameaças à segurança alimentar nestas localidades para promover a partir disso discussão sobre o tema com pesquisadores, profissionais de saúde e outros atores interessados”, explica o pesquisador da Fiocruz Amazônia, Fernando Herkrath, coordenador do Sagespi. 

A oficina, ministrada pela fotógrafa profissional Cristiana Ferreira, permitiu aos moradores da comunidade a experiência inusitada de fotografar o alimento que comem, assim como o local onde produzem e coletam alimentos (no caso da alimentação oriunda da natureza) e onde adquirem (alimentos industrializados). 

Após a visita à comunidade Santa Maria, o grupo irá também ao Complexo da Maré para levantar com a população daquele território as questões que estão impactando a segurança alimentar, considerando que estamos vivendo tempos de mudanças na forma de se alimentar e, também, no impacto do clima na vida dessas populações.

Alimentos Industrializados

À Fiocruz Amazônia, a nutricionista do Distrito Rural de Manaus Karoline Campos, que acompanhou a visita à Santa Maria, explicou que é alto o consumo de alimentos industrializados na maioria das comunidades ribeirinhas do município.

“Quando cheguei aqui imaginava que havia plantação, alimentação com produtos oriundos da natureza e me deparei com uma situação totalmente diferente: alimentação rica em industrializados, salgadinhos ricos em sódio, alimentos ricos em açúcar, refrigerantes, pouca ingesta de frutas e legumes”, disse Karoline.

A nutricionista enfatizou ainda que a alimentação baseada em alimentos não-processados seria muito mais barata e impactaria muito menos na saúde da população, reduzindo o índice de doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, diabetes, hipertensão. 

“Hoje, são comuns casos de crianças e jovens com essas doenças, daí a importância de iniciativas como essa da Fiocruz e Queen Mary University.  Fernando Herkrath endossa as palavras da nutricionista e revela que o perfil das doenças tem mudado, dentre diversos outros motivos, por conta dessa mudança de comportamento em relação aos hábitos alimentares.

(Com informações da assessoria de imprensa da Fiocruz Amazônia)

Redacao

Redação do Portal Lídimo Amazônico

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