Duhigó, artista indígena do Amazonas, recebe título de Mestra das Artes, no RJ
A artista indígena Duhigó foi uma das 50 pessoas agraciadas com o Prêmio Funarte Mestras e Mestres das Artes. A premiação ocorreu durante o Encontro Nacional de Artes, realizado no início deste mês, no Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro. Iniciativa é “passo para a preservação da memória das artes do Brasil”.
À Agência Brasil, a artista plástica amazonense disse que o reconhecimento foi uma surpresa. Duhigó nasceu na aldeia Paricachoeira, em São Gabriel da Cachoeira, região do Alto Rio Negro, no Amazonas. A artista indígena Duhigó começou a carreira artística aos 48 anos, quando se alfabetizou.
“Uma coisa que eu jamais imaginava que aconteceria na minha vida”, declarou.

Arte Amazônica
Os trabalhos de Duhigó retratam principalmente a cultura ancestral da Amazônia na cosmovisão indígena.
“Na minha mente, tem muita coisa que eu posso botar para fora. Às vezes, eu faço riscos, porque quem vai entender o que eu vou produzir daquele risco sou eu. Todos os meus trabalhos surgiram assim”, disse à Agência Brasil para explicar como funciona seu processo criativo.
A artista indígena também contou que usou o prêmio líquido de cerca de R$ 70 mil para iniciar o plano de construir um ateliê próprio, em Manaus.
Mestras e Mestres das Artes
Segundo a Funarte, o objetivo do Prêmio Funarte Mestras e Mestres das Artes é destacar e prestigiar a trajetória de pessoas que detenham notório conhecimento na atividade, e que atuem como referência nas áreas de artes visuais, circo, dança, música, teatro ou artes integradas (manifestações que associam mais de uma dessas linguagens).
A entrega ocorreu durante o Encontro Nacional de Artes, realizado no Teatro Dulcina. O evento contou com a participação da presidenta da Fundação Nacional de Artes, Maria Marighella, e da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Cultura e memória
Para a presidenta da Funarte, Maria Marighella, o reconhecimento da vida e obra das mestras e mestres é o primeiro passo para a preservação da memória das artes do Brasil.
“Um dos primeiros atos da Funarte ao lançar esse prêmio, é o de reconhecer a trajetória como patrimônio do povo brasileiro. São mestres que foram reconhecidos, mas também premiados por sua contribuição de vida, de experiência pública. Então cada mestre desse foi reconhecido por sua comunidade, por sua obra. O prêmio contempla mestres de todas as unidades da federação, fazendo também recortes de raça, incorporando mestras e mestres negras, indígenas, de toda parte do Brasil, no primeiro reconhecimento à memória das artes, no reconhecimento da trajetória como dimensão da vida das artes. E a gente entende que esse é o primeiro mecanismo de um programa para a memória das artes.”
De acordo com a Funarte, além da artista indígena Duhigó, estiveram presentes no encontro, 37 mestras e mestres.
Podem ser citados: Carmézia Emiliano, Verônica Tamaoki, Leo Malabarista, Gisèle Santoro, Humberto Pedrancini, Teuda Bera, Edlamar Zanchettin, Helena Ignez, Salloma Salomão, Bruno Edson, Yara de Cunto, Yolanda carvalho, Duhigó, Espedito Seleiro, Carlos Babau, Cristina Terena, Lia de Itamaracá, Mestre Andila Kaingáng, Mestre Biribinha, Mestra Odete de Pilar, Felizardo, Flávio Sampaio, Mestre Bigica, Jorge Silva, Ítala Nandi, Zé Diabo, Beto Bruel, Paulo César Fernandes, Robertinho Silva, Regina Miranda, Bernardo Bessler, Nei Lopes, Maria Helena Rosas Fernandes, Amir Haddad, Jorginho de Carvalho, Leda Martins, Paulo Flores e Lia Rodrigues.
Fonte: Agência Brasil e Funarte

