Achados arqueológicos na Amazônia: crianças descobrem urnas funerárias indígenas em quintal
Artefatos arqueológicos enterrados foram encontrados por crianças em um quintal no município de Borba, a 321 km de Manaus, no domingo (21). O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foi acionado. O órgão também monta um plano para proteger sítios durante a seca dos rios amazônicos.
De acordo com informações da assessoria do instituto, ao todo, quatro peças com características de urnas funerárias indígenas foram encontradas na Terra Indígena Cunhã Sapucaia, enquanto um grupo de crianças brincava.
Ao Iphan, a professora Carmen Lúcia, moradora do local onde os materiais foram encontrados, explicou detalhes do ocorrido:
“Eles viram a parte de cima do pote. Nós cavamos e encontramos o restante do material. Duas peças estão inteiras e as outras duas racharam. Têm cinzas dentro. Nós fizemos o resgate, guardamos e avisamos o Iphan“, disse.
Mais achados arqueológicos no AM
Por meio de assessoria de imprensa, a superintendente do Iphan no Amazonas, Beatriz Calheiro, explicou que há vários relatos de achados arqueológicos no município de Borba.
Desta forma, a comunidade pode se tornar guardiã desses objetos após o aval do órgão federal.
“Esse material pertence àquela comunidade, faz parte da história e memória dela. E eles têm presente que precisam preservar o sítio arqueológico”, informou a superintendente .
De acordo com informações da assessoria do instituto, uma comitiva do órgão planeja ir ao local no fim de agosto para realizar uma fiscalização de rotina, que também já é realizada em outros municípios.
Proteção a sítios arqueológicos
Também na última semana, o Iphan realizou reunião para a construção de um protocolo que vai apontar ações a serem feitas nos próximos meses com o objetivo de prevenir danos a sítios arqueológicos que possam surgir durante o período de seca dos rios na Amazônia.
Deste modo, a reunião em Manaus contou com órgãos ambientais, de polícia e de defesa. Participaram da reunião:
- Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam);
- Polícia Ambiental;
- Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb);
- Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social (Semseg);
- Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Mudança do Clima (Semmasclima);
- Marinha do Brasil – Capitania dos Portos;
- Instituto Soka.

“No ano passado, surgiram muitos sítios por causa da descida das águas não só em Manaus, mas também no interior. Nossa intenção é tentar nos antecipar e pensar conjuntamente em solução para evitar a descaracterização desses locais”, disse a superintendente do órgão no Amazonas, Beatriz Calheiro.
Plano de ação para seca
De acordo com Ipahn, o plano de ação será dividido em três eixos:
- 1- conservação e segurança, que consiste em estabelecer uma rotina de vigilância e monitoramento da área;
- 2- pesquisa, com atividades de orientação e compartilhamento de informações sobre os sítios para interessados em pesquisas no local;
- 3- socialização e interpretação para envolver as comunidades e povos indígenas para orientar sobre a preservação dos sítios.
“A primeira versão desse documento orientativo ainda será aperfeiçoada. A versão final será enviada para a Operação Estiagem do Governo do Estado do Amazonas e para as prefeituras do interior”, afirmou a superintendente.
Sobretudo, a superintendente destaca que todos os bens arqueológicos pertencem à União, e a legislação veda qualquer tipo de aproveitamento econômico de achados arqueológicos, assim como sua destruição e mutilação.
Além disso, para realização de pesquisas, é preciso o envio prévio de projeto arqueológico ao Iphan, que avaliará e, só então, editará portaria de autorização.
Assim, qualquer pesquisa interventiva realizada sem autorização do Iphan é ilegal e passível de punição nos termos da lei.
Arqueologia e seca dos rios Amazônicos
Em outubro de 2023, por causa da seca extrema ocorrida nos rios da Amazônia, gravuras em forma de rostos humanos submersas nas paredes rochosas do sítio arqueológico e geológico das Lajes, à margem do rio Negro, em Manaus, voltaram a aparecer devido ao período de seca.
Com isso, a área passou a ser frequentada por moradores e curiosos e a preocupação do Iphan era com a descaracterização do bem pela falta de informação, o que será combatido com o plano de ação deste ano.
(Com informações de assessoria de imprensa)

